O aumento significativo das exportações de carne suína em janeiro e o menor volume de animais prontos para o abate limitaram a oferta no mercado interno e alavancaram os preços pagos aos suinocultores de Minas Gerais. Nesta semana, o quilo do suíno vivo é negociado a R$ 5,20, valor 16,33% superior ao praticado na média de janeiro e 37% maior que ao valor pago em fevereiro de 2016. Em janeiro, o volume de carne suína exportada pelo Estado subiu 60,9% e o faturamento, 103,5%, frente a igual mês do ano anterior.

De acordo com o vice-presidente da Asemg (Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais), José Arnaldo Cardoso Penna, o valor de R$ 5,20 vai contribuir para a recuperação de parte dos prejuízos acumulados pelos suinocultores em 2016, quando os custos de produção bateram recordes e os preços não acompanharam.

“O valor atual é um alívio para o setor. A suinocultura passou por momentos muito difíceis em 2016 e em alguns períodos chegamos a negociar os animais com perdas de R$ 100 por suíno. Não me lembro do valor do suíno ter chegado a este patamar elevado, o máximo que registramos foi de R$ 5 por quilo do suíno vivo há cerca de cinco anos. Por isso, a indicação é que os suinocultores aproveitem o momento para comercializar o máximo de animais”.

A valorização dos preços do suíno foi provocada pela oferta limitada de produto no mercado interno. Isto porque as exportações de carne de suíno subiram significativamente em janeiro. Penna explica que, com a demanda externa e interna em alta e as maiores vendas efetuadas em dezembro, as granjas estaduais não tinham produção suficiente e acabaram disponibilizando para o mercado animais menores. No período, a entrada de carne suína de outros estados em Minas Gerais também ficou menor.

Brasil

Em relação às exportações nacionais, os dados divulgados pela ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) mostram que as vendas do produto in natura totalizaram 54,5 mil toneladas, volume 39,3% acima do registrado em janeiro de 2016, de 39,1 mil toneladas.

Em receita, as elevações chegaram a 76,2%, com a movimentação de U$$ 124,6 milhões, ante o valor de US$ 70,7 milhões obtidos no primeiro mês do ano passado. Em reais, o faturamento foi de R$ 398,5 milhões, crescimento de 39%, frente aos R$ 286,6 milhões registrados em janeiro passado.

Dentre os principais compradores da carne suína estão a Rússia, Hong Kong, China, Argentina, Singapura e Chile.

Minas

As exportações mineiras de carne suína somaram 1,4 mil toneladas, aumento de 60,9% frente ao volume exportado em igual mês de 2016. O faturamento gerado no período cresceu 103,5%, encerrando janeiro em US$ 4,45 milhões. O preço da tonelada está 25% maior, com o volume negociado a US$ 2 mil, ante os US$ 1,6 mil praticados em janeiro de 2016.

De acordo com Penna, a tendência é que as exportações se mantenham aquecidas ao longo de 2017.

“Além dos novos acordos que o governo brasileiro está firmando, o reconhecimento de Minas Gerais como zona livre da peste suína clássica, feito pela da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), contribui para que mais países comprem nosso produto”.

Tendência

A tendência para as próximas semanas é que os preços voltem a recuar, já que o aumento foi significativo e a atual situação econômica do País, como o aumento do desemprego e queda na renda dos consumidores, contribui para que o consumo do produto fique menor em função do repasse da alta para o mercado consumidor. Mesmo assim, os valores devem continuar renumerando os produtores.

“Nossa expectativa é que a chegada da nova safra de grãos ao mercado contribua para que os custos de produção fiquem menores, o que vai garantir a rentabilidade para os suinocultores”, disse.

Para 2017 também é esperada a criação de uma central de compras, que vai unir os suinocultores e avicultores do Estado. O objetivo é comprar insumos, como alimentação para o plantel, em volumes maiores e a preços mais competitivos para os setores.