A seca que atingiu Minas Gerais nos últimos anos continua interferindo nos resultados da produção pecuária. Um dos impactos foi verificado no abate de bovinos, que em 2016 recuou 13,1% devido à baixa oferta de animais. No ano passado, o aumento dos custos de produção também comprometeu a produção, principalmente de leite, que ficou 5,2% menor. Por outro lado, a crise econômica e a demanda por proteínas de preços mais acessíveis estimulou o abate de suínos, que cresceu 4%, e de frangos, que encerrou o ano com aumento de 4,5%. Os dados são da Pesquisa Trimestral de Abate de Animais, elaborada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

De acordo com o levantamento, ao longo de 2016 foram abatidos em Minas Gerais 2,46 milhões de bovinos, retração de 13,1% frente a 2015, quando o abate somou 2,84 milhões de cabeças. Queda também foi verificada no peso das carcaças, que ficou 11,4% inferior em 2016. Enquanto em 2015 o peso das carcaças era de 665 mil toneladas, no ano passado o volume caiu para 588,8 mil toneladas.

No último quadrimestre de 2016 foi registrada retração de 9,8% no abate de bovinos, quando comparado com igual período de 2015. No intervalo, foram abatidas 582,5 mil cabeças. O peso das carcaças caiu de 156,9 mil toneladas para 140,2 mil toneladas, volume 10,6% inferior.

“As involuções verificadas no abate e no peso das carcaças de bovinos são justificadas pelo período severo de falta de precipitação, o que influenciou de forma negativa nas pastagens. No ano passado, o pecuarista precisou desfazer do rebanho pela falta de recursos para manter o gado no campo ou em confinamento, que estava com os custos elevados. Dessa forma, muitos anteciparam o abate, incluindo animais mais leves”, explicou o analista de agronegócio da FAEMG, Wallisson Lara Fonseca.

Leite

A produção de leite em Minas Gerais também recuou em 2016, o que já era esperado pelo setor produtivo. Neste caso, o aumento dos custos de produção, impulsionados pela elevação dos preços do milho e da soja, comprometeram a margem de lucro dos pecuaristas, que reduziram os investimentos e optaram pela redução da produção para minimizar os prejuízos.

Ao longo de 2016, Minas Gerais industrializou 6 bilhões de litros de leite, ante os 6,43 bilhões processados em 2015, resultado 5,3% inferior. No último quadrimestre, a queda foi de 5%, com a industrialização de 1,6 bilhão de litros.

De acordo com o IBGE, tradicionalmente, o quarto trimestre é caracterizado pelo pico da produção de leite no ano, resultado da melhoria das condições das pastagens com a chegada das chuvas nas principais regiões produtoras a partir do final do trimestre anterior.

Apesar do custo menor de produção no período, o comprometimento da renda ao longo dos demais trimestres interferiu de forma negativa na produção.

No ranking dos maiores produtores de leite, Minas Gerais continua liderando amplamente a aquisição, com 26% do volume nacional, seguido por Rio Grande do Sul (13,6%) e Paraná (11,9%).

“A alta verificada nos custos da pecuária de leite, em 2016, foi maior que a registrada nos preços pagos aos produtores. Os pecuaristas ficaram desestimulados e, por isso, não houve investimentos. Outro fator que prejudica o mercado do leite é o aumento das importações vindas, principalmente, da Argentina e do Uruguai”, disse Fonseca.

Frangos e suínos registraram crescimento

Apesar da queda na produção de leite e no abate de bovinos, os resultados de frangos e suínos foram positivos em 2016. Os preços mais acessíveis dos produtos estimularam a demanda e, mesmo com custos elevados, mantiveram a produção em crescimento.

Os dados do IBGE para Minas Gerais mostram que o abate de suínos, em 2016, abrangeu 5,32 milhões de cabeças, variação positiva de 4%. No período, o peso das carcaças subiu 5,4% somando 452 mil toneladas.

No quarto trimestre foram abatidos 1,39 milhão de suínos em Minas, alta de 1,1%. As carcaças somaram 117,8 mil toneladas, incremento de 3,7% frente a igual período de 2015. O IBGE destaca que, neste período, Minas Gerais exportou 75% a mais de carne suína, somando 3,78 mil toneladas, ante o volume de 2,15 mil toneladas embarcadas no quarto trimestre de 2015. Os principais destinos foram a Rússia e Hong Kong.

O abate de frangos, em Minas Gerais, encerrou 2016 com alta de 4,5% somando 464,1 milhões de aves. No período, o peso das carcaças cresceu 6,2% e somou 951 mil toneladas.
“O atual momento, de crise econômica e comprometimento da renda da população, faz com que os consumidores busquem fontes de proteína de origem animal de preços menores.

Dessa forma, as produções de frango e de suínos foram favorecidas em 2016. A diferença de valores é grande. Enquanto o produtor de suínos recebe R$ 4,5 por quilo e o de frango recebe R$ 2,8, o preço pago pelo bovino é de R$ 9,5 por quilo”, disse o analista de agronegócio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Wallisson Lara Fonseca.

Apesar do crescimento anual, o quarto trimestre apresentou recuo de 1,2% no abate de frangos, que alcançou 114,6 milhões de cabeças. Mesmo com a queda no número de aves abatidas, foi verificada alta de 5,7% no peso das carcaças, encerrando o período em 240,6 mil toneladas.

O levantamento do IBGE mostra que a redução dos abates no último trimestre pode ser justificada pela queda verificada nas exportações. Entre outubro e dezembro de 2016, os embarques de carne de frango efetuados por Minas Gerais caíram 9%. Ao todo foram destinados ao mercado internacional 43,37 mil toneladas, ante as 47,8 mil toneladas exportadas no quarto trimestre de 2015.