A queda na produção de café, em função do período de safra baixa, interferiu de forma negativa na composição do Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária de Minas Gerais. De acordo com a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), com base nos dados de fevereiro, a previsão é que o VBP da agropecuária recue 4,9% em 2017 atingindo R$ 57,7 bilhões. No período, o VBP da agricultura deve recuar 8,2%, enquanto a pecuária pode crescer 1,6%.

O superintendente de Política e Economia Agrícola da Seapa, João Ricardo Albanez, explica que o café, por ser o principal produto do setor agropecuário, tem grande peso na composição do VBP, o que contribuiu para a retração dos resultados. Apesar da queda, o VBP de Minas Gerais deve alcançar em 2017 R$ 57,7 bilhões, o segundo maior da série histórica desde 2008.

A estimativa é que o VBP das lavouras encerre 2017 em R$ 37,1 bilhões, retração de 8,2%. No setor de café, a queda esperada no VBP é de 14,9%, com a produção avaliada em R$ 13,2 bilhões. A retração se deve à expectativa de baixa produção já que no ano passado a safra de café atingiu o volume recorde de 30,7 milhões de sacas. Para este período produtivo, a produção deve variar entre 25,39 milhões e 26,81 milhões de sacas de 60 quilos.

“O resultado negativo já era esperado. Após uma safra recorde de café em 2016, a previsão é que o volume recue e esta menor produção interfere na composição do VBP do Estado. O café responde por 35,6% do VBP das lavouras do Estado”, disse Albanez.
Segundo maior produto agrícola de Minas, a cana-de-açúcar teve o VBP estimado em R$ 5,43 bilhões, um aumento de 5,9%. A demanda em alta e os preços valorizados do açúcar justificam o avanço nos resultados.

Já a soja, que ocupa a terceira posição dentre os produtos agrícolas, apresentou queda de 10,6% no VBP, que foi estimado em R$ 5,16 bilhões. A previsão de queda de 3,2% no volume a ser colhido, que deve alcançar 4,7 milhões de toneladas, justifica parte da queda. “Além da produção menor, os preços da soja também recuaram fazendo com que o VBP ficasse menor”.

Com base nos dados de fevereiro, a estimativa para o VBP do milho alcançou R$ 4,78 bilhões, variação positiva de 20,3% frente ao valor registrado em 2016. O incremento se deve à expectativa de uma colheita recorde do cereal na safra 2016/17. O milho responde por 12,9% do VBP das lavouras.

Com aumento de 10,2%, o VBP do feijão atingiu R$ 2,52 bilhões. A produção de bananas foi avaliada em R$ 1,94 bilhão, 13,1% maior que o valor registrado em 2016. Também foi verificado aumento do VBP da laranja, 22,8%, com a cultura estimada em R$ 523 milhões.
Dentre os resultados negativos, o VBP de batata-inglesa caiu 48,3%, com a produção avaliada em R$ 1,5 bilhão. No caso do tomate, a queda chegou a 32,5% e o VBP ficou em R$ 1 bilhão.

Previsão é de alta de 1,6% na pecuária

Após amargar perdas em 2016, as expectativas para a pecuária mineira são positivas em 2017. A estimativa da Seapa, com base nos dados de fevereiro, é que neste ano o VBP (Valor Bruto da Produção) cresça 1,6%, com a produção pecuária avaliada em R$ 20,64 bilhões.

“As expectativas para a pecuária são mais promissoras. O crescimento de 1,6% do VBP será pautado pelo leite, suínos, bovinos e ovos, que estão com preços mais valorizados este ano”, disse o superintendente de Política e Economia Agrícola da Seapa, João Ricardo Albanez.

O VBP do leite, principal produto da pecuária, foi estimado em R$ 7,78 bilhões, variação positiva de 5,8% frente ao resultado de 2016. O produto, que responde por 37,7% do VBP da pecuária estadual, está com preços mais valorizados, o que justifica o avanço.

Aumento de 2,2% foi verificado no VBP dos bovinos. A produção de bois e vacas foi avaliada em R$ 6,13 bilhões e corresponde a 29,7% do faturamento da pecuária de Minas Gerais. No caso dos suínos, a alta ficou em 2,7% e o VBP em R$ 1,81 bilhão. O avanço no VBP dos ovos chegou a 11,6%, com a produção avaliada em R$ 1,42 bilhão.

No período, somente o VBP do frango recuou. A queda de 11% reduziu para R$ 1,4 bilhão o VBP das aves, influenciado pela queda dos preços.

No Brasil, valor será o maior em 30 anos

O VBP (Valor Bruto da Produção Agropecuária) de 2017 foi estimado em R$ 548 bilhões, em fevereiro, 3,2% superior aos R$ 531 bilhões do ano passado, de acordo com a SPA (Secretaria de Política Agrícola) do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

O desempenho da safra de grãos neste ano, acompanhada de outras lavouras e de frutas, leva em conta aumento da produção de alimentos e de outros produtos, refletindo no valor da produção, o maior dos últimos 30 anos, ressaltou o coordenador de Estudos e Análises do Mapa, José Garcia Gasques.

Segundo a Coordenação-Geral de Estudos e Análises do Mapa, as principais lavouras devem ter aumento real do faturamento de 6,3% e a pecuária, recuo de 2,5%. Nas lavouras, o resultado deve-se ao crescimento da produção de milho e de soja. Na pecuária, os melhores desempenhos esperados são de suínos, leite e ovos.

Os produtos com resultado positivo são algodão, com aumento de 12,6% no VBP; amendoim (25%), arroz (17,7%), banana (4,8%), feijão (38%), fumo (22,6%), milho (33,6%), soja (7%) e uva (30,7%). Outros, como cana-de-açúcar e pimenta do reino, em percentuais menores, também apresentam bom resultado.

Entre os que apresentam recuo no faturamento estão a batata-inglesa (-28,5%), café (-10,6%), cebola (-53,6%), laranja (-7,3%), mamona (-12,7%), tomate (-31,9%) e trigo (- 27,1%). Esse comportamento se deve especialmente a acentuadas quedas de preços.

O VBP por região mostra que estados do Norte e Nordeste, como Maranhão, Tocantins e Piauí, que no ano passado tiveram perdas com a seca, neste ano apresentam boa recuperação.

Mato Grosso, São Paulo e Paraná lideram o VBP com R$ 78,5 bilhões, R$ 74,2 bilhões, R$ 70,7 bilhões, respectivamente.