A JBS, maior processadora de carnes do mundo e dona das marcas Friboi, Seara e Swift, entre outras, informou ontem que concederá férias coletivas de 20 dias, a partir de segunda-feira, para 10 de suas 36 unidades de abate de bovinos no Brasil – uma em São Paulo, três em Mato Grosso do Sul, uma em Goiás, quatro em Mato Grosso e uma no Pará. As férias coletivas podem se estender por mais 10 dias.

Segundo a empresa, a medida é necessária em virtude das suspensões temporárias impostas à carne brasileira por alguns dos principais países importadores, assim como pela retração nas vendas de carne bovina no mercado interno nos últimos 10 dias.

A companhia afirmou, em nota, que é imprescindível ajustar os volumes de produção para normalizar os níveis de estoques de produtos destinados ao mercado interno, assim como reescalonar a programação de embarques de produtos para os clientes do mercado externo que ficaram represados durante esse período, de forma a não sobrecarregar os sistemas de recebimento e estocagem dos mesmos.

Na terça, a empresa afirmou que havia retomado os abates, após suspender por três dias a produção de carne bovina em 33 das 36 unidades, e que reavaliava a retomada da capacidade produtiva após o fim dos bloqueios temporários de importadores como China, Chile, Egito e Hong Kong.

Atualmente, as unidades operam com uma redução de 35% na sua capacidade de produção. Maior produtora de carnes do mundo, a JBS tem uma capacidade diária de abate de bovinos no Brasil estimada em cerca de 35 mil cabeças de gado, o equivalente a mais de 40% da produção brasileira.

As ações da empresa são reflexos direto da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, deflagrada em 17 de março e que acabou resultando na redução da demanda por carne, principalmente pelo bloqueio das exportações. A operação revelou um esquema envolvendo frigoríficos que pagavam propina para fugir da fiscalização do Ministério da Agricultura e fraudavam produtos com o uso de substâncias acima do permitido e adulteração de produtos já fora do prazo de validade para venda no mercado interno.

Preocupação

A Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA Afins) divulgou, comunicado ontem no qual manifesta preocupação com o anúncio de férias coletivas nas unidades de abates de bovinos da JBS. Em comunicado divulgado ontem, a JBS afirmou que “está empenhada na manutenção do emprego dos seus 125 mil colaboradores em todo o Brasil.”

A CNTA afirmou que, em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado realizada na terça-feira, sobre os impactos da Operação Carne Fraca, apresentou uma proposta de criação de um compromisso público-privado pela manutenção dos empregos no setor, com pelo menos seis meses de duração. “O governo deve intervir junto aos frigoríficos, principalmente, aqueles ligados à JBS, que foram financiados com verba pública e, inclusive, contam com participação acionária do BNDES", disse o sindicato em nota.

“Estamos atentos a qualquer tentativa de ameaça de demissões e preparados para contestar e cobrar, por meio de manifestações, ações judiciais e denúncias internacionais, as responsabilidades das empresas e do governo” completou a CNTA Afins.

O anúncio das férias coletivas na JBS foi feito um dia depois de o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação do Paraná informar que a Peccin vai dispensar esta semana os cerca de 300 empregados que tem na unidade de Curitiba, no Paraná. O frigorífico no Paraná foi interditado pelo governo federal, assim como a unidade da empresa em Jaraguá do Sul, em Santa Catarina.

Enquanto isso...
...Estados agradecem

Os secretários estaduais de Agricultura se reuniram ontem com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e agradeceram a ação rápida e eficiente no enfrentamento da crise aberta depois das revelações da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal. “Poderíamos estar diante de uma catástrofe se não tivéssemos ação imediata e se não tivéssemos um ministro da estatura, do porte de Blairo Maggi e de toda a sua equipe”, disse o presidente do Conselho de Secretários Estaduais de Agricultura (Conseagri), Ernani Polo.

 

Fonte: Faemg