No quadro Papo de Curral exibido no Giro do Boi desta quarta, 11, o médico veterinário e gerente técnico de grandes animais da Boehringer Saúde Animal, Roulber Silva, explicou em detalhes o que leva à ocorrência do botulismo e como fazer a prevenção da enfermidade a partir de quatro etapas.

Botulismo: causas

É uma toxi-infecção alimentar, ou seja, o animal é infectado quando ingere alimento ou água contaminada com a bactéria Clostridium botulinum, presente no ambiente em locais que apresentam condições propícias para sua manutenção no estado dormente. “Quando ela encontra condições para se multiplicar, ela produz as toxinas que causam o problema”, alerta Roulber. As bactérias estão presentes em alimentos mal conservados, como uma silagem úmida e fermentada, e em restos de carcaças de outros animais. Neste caso, os animais com deficiências minerais buscam fontes para suprir sua necessidade e acabam lambendo ossos que estejam no pasto, por exemplo.

Já o botulismo hídrico ocorre quando as bactérias estão presentes em água contaminada. Geralmente na estação seca, quando as poças d’água apresentam restos de alimentos e detritos, o boi pode contrair a doença. “As bactérias se reproduzem geralmente em ambientes sem oxigênio, com umidade e matéria orgânica”, resumiu o veterinário.

Botulismo: sintomas

Quando há infecção, o animal tem a chamada paralisia flácida e, posteriormente, paralisia dos membros, além de dificuldade para engolir. A seguir, acontece a parada respiratória e a morte.

Tratamento

“Quando (o botulismo) está presente, com toda a sintomatologia, é difícil tratar. Dependendo da quantidade de toxina ingerida, o quadro evolui mais rápido, é mais agudo. Acontece logo a paralisia respiratória e ele morre. Quando o animal ingeriu menos toxinas, tem que dar um tratamento de suporte, principalmente para a deglutição porque ele não se alimenta, nem bebe. É difícil salvar”, explica Silva.

Prevenção do botulismo bovino

São quatro pontos a serem seguidos para diminuir expressivamente a chance do seu rebanho ser acometido pela doença. O médico veterinário Roulber Silva recomenda:

Conservação da água. “Por vezes, a água até parece limpa, mas tem resto de uma carcaça que compromete sua qualidade. Assim você tem a degradação e ali vai ter a bactéria, que vai se multiplicar”, detalha o veterinário.
Mineralização: ponto importante é disponibilizar a suplementação adequada para categoria, diminuindo a necessidade de o animal buscar minerais em outras fontes, como eventuais ossos encontrados no pasto;
Conservação do alimento: silagem de milho úmido e rações que fermentaram além do necessário podem abrigar as bactérias;


Vacina. “É uma das formas de prevenir que a toxina cause problemas porque a bactéria está no ambiente e é difícil controlar em todos aspectos sem ter a vacina para segurar as infecções”, advertiu Roulber. “Nós temos várias vacinas no calendário sanitário, algumas obrigatórias, como aftosa, brucelose em fêmeas de três a oito meses. Mas algumas não obrigatórias são importantes. como a própria vacina do botulismo, algumas clostridioses, raiva, a BVD, que é uma doença reprodutiva e causa imunosupressão”, exemplificou o gerente da Boehringer Saúde Animal.
“Tendo todos estes pontos controlados, você dificilmente vai ter problema de botulismo na sua propriedade”, conclui o veterinário.

 

Fonte: Giro do Boi