Conforto, comodidade, segurança. Tratar um boi na fazenda, como disse o engenheiro agrônomo Wagner Pires em mais um episódio do quadro “Dez passos para construir e manter uma boa pastagem na sua fazenda” é como cuidar de um hóspede em um bom hotel. Ou deveria ser.
Nesta sexta-feira, 12, Pires, que é pós-graduado em pastagens pela Esalq-USP e consultor do Circuito da Pecuária, conduziu o 9º episódio da série especial tratando o bem-estar como tema central.
“Você já pensou em assistir todos os episódios desta série de pé? Ou no sol? Êta, nóis! Gente, o conforto é imprescindível para o bom resultado. E eu gostaria de chamar sua atenção agora para o conforto do seu animal, o conforto do gado que está lá no pasto”, antecipou. “Nós temos que nos preocupar em oferecer o conforto ao nosso rebanho, afinal de contas o gado é nosso hóspede na fazenda. E cabe a você, pecuarista, oferecer segurança, conforto e alimento na medida certa ao seu rebanho”, comparou.
“O que eu estou propondo a você? Que você se preocupe com alguns detalhes, tais como sombra nas horas mais quentes do dia, já que ninguém gosta de ficar no sol. O simples fato de o animal aumentar a taxa de respiração dele por causa do calor faz ele queimar mais energia. Ele queima mais energia no sol, mas você quer que ele converta energia em peso. Então uma boa sombra ajuda muito”, sustentou.
“Precisa ter água na medida certa, no lugar correto. Você ajuda muito fazendo isso. O gado precisa de água para ganhar peso. Então nós temos que oferecer pelo menos 60 litros de água por cabeça ao dia. Nós temos que ter um reservatório na medida certa, um cocho de sal na medida certa. A água, de preferência, deve ser morna e limpa. Se você tem, às vezes, uma aguada, um açude e você coloca um bebedouro, nunca mais o gado vai beber água com lama, água com terra. O gado vai só beber água no bebedouro. Então vamos nos preocupar em ter bebedouro e ter água limpa para nosso rebanho”, valorizou.
“Mineralização na medida certa também é essencial. Você tem mineralização para a época das águas e época da seca, então esses detalhes são importantes”, continuou o especialista.
“Pasto livre de plantas daninhas! Vamos falar de plantas daninhas, do prejuízo que ela causa para você sem você enxergar. Principalmente eu estou me referindo agora a plantas daninhas tóxicas e plantas daninhas com espinho, que não deixam o gado pegar o capim porque ele se machuca.
“O pasto deve sempre ser formado por uma única gramínea de forma a facilitar que o gado consuma. Evite mistura de capim porque o gado fica caminhando e andando atrás do capim mais gostoso e mais palatável”, advertiu o especialista.
“Deve ser garantido um mínimo de massa verde para o rebanho na época das águas e na época da seca. Principalmente você deve se preocupar na seca. Por isso é que eu falei lá atrás da importância de você pesar o gado e ver se o seu gado está ganhando realmente peso”, acrescentou.
“O gado deve ter segurança. Às vezes você tem uma área de mata e o gado tem medo de chegar perto daquela mata, tem medo de animais selvagens, animais silvestres que podem atacar e matar. O gado tem que ter segurança. O gado é um bicho curioso. Se você tem um pasto perto da beira da rodovia, o gado fica lá olhando o movimento e esquece até de comer. Então vamos criar um ambiente mais protegido para que o animal fique tranquilo durante o seu pastejar, que não tenha perigo de gente transitando no meio do pasto”, indicou.
“O vaqueiro tem que trabalhar com o gado com calma. Tem que chamar o gado, tem que conduzir o gado para a troca de pasto, tudo harmoniosamente. Então, meus amigos, dessa forma nós vamos realmente tratar o gado como um hóspede na fazenda. E vamos ter um bom resultado”, justificou.
“Percebe a quantidade de detalhes? Aí entra um fator importante: a capacitação dos seus funcionários. Você tem que capacitar o seu vaqueiro para ele fazer uma boa leitura de cocho, para ele saber cuidar do bebedouro, para ele saber a hora de entrada do gado e a hora de saída quando já não tem mais o capim. Ele tem que deixar sobra para o pasto rebrotar”, reforçou.
“Então tudo vai harmonizando de forma que gente tenha um bom resultado, conforto e segurança para o nosso rebanho. Essa é a dica do nono passo para você, capacite a sua equipe e organize a sua fazenda como um grande ambiente de produção”, concluiu Wagner Pires.
Fonte: Giro do Boi