Produtividade nos canaviais-testes já colhidos supera a previsão da biometria

 

O sonho de plantar cana como se planta grãos, com uma semente após a outra, saiu do laboratório e já pode ser conferido no campo. Em 2018, a Syngenta plantou 45 hectares com sua semente artificial de cana, o Plene Emerald. Os canaviais-testes, com áreas em torno de dois hectares cada, foram implantados nos 27 primeiros clientes da empresa que adquiriram o Plene PB, a muda pré-brotada da Syngenta.

Em 2019, teve início a colheita destes canaviais-testes. O primeiro a ser colhido foi na Usina Ipiranga, em Descalvado, SP. Marcelo Palu Junqueira, gerente Executivo Sênior da Syngenta, conta que a biometria apontava uma produtividade em torno de 110 toneladas por hectare, nessa cana de 14 meses, mas o resultado foi de 133 toneladas. A cana colhida foi para a moagem da usina.

O segundo canavial-teste a ser colhido foi na Usina Colorado, em Guaíra, SP, a cana com seis meses, que foi utilizada para muda, apresentou 117 toneladas. Já na Usina Santa Fé, em Nova Europa, SP, a estimativa de produtividade da cana de 14 meses era de 123 toneladas, mas bateu a marca de 152.

 

Marcelo Palu com semente Plene Emerald que já forma canaviais
Crédito: CanaOnline

 

O plantio destes canaviais-testes foi realizado por uma plantadora desenvolvida pela Watanabe Máquinas Agrícolas, da cidade de Castro, PR. Palu explica que essa máquina apresenta um conceito de plantadora de batata e que já sofreu várias modificações, principalmente na parte de sulcação. “Ela planta duas linhas de forma bem uniforme, é georeferenciada, vem com bastante tecnologia embarcada, que possibilita, por exemplo, contar quantas sementes são depositadas no solo”, diz. Para receber a semente artificial de cana da Syngenta, o preparo de solo deve ser semelhante ao realizado para o plantio da muda pré-brotada, com mais cuidado e canteirizado.

Além dessa máquina que plantou os primeiros 45 hectares com o Plene Emerald, a Syngenta irá contar, até janeiro de 2020, com mais duas plantadoras, uma segunda fornecida também pela Watanabe e uma terceira que virá de uma outra empresa. O maior número de máquinas permitirá o plantio de mais 75 hectares de canaviais-testes em 22 usinas, clientes que também já adquiriram o Plene PB.

 

Atualmente estão sendo plantadas de 4 a 6 sementes Plene  Emerald por metro quadrado
Crédito: CanaOnline

 

Mas o grande teste do Plene Emerald será no começo de 2020, quando a Syngenta espera plantar de 800 a 900 hectares com sua semente artificial de cana. “Será a primeira venda pré-comercial, o produto já terá um valor comercial, no qual a Syngenta assumirá 50% do custo e os clientes os outros 50%. E, em 2021, a expectativa é alcançarmos 2 mil hectares comercializados. Mas para isso, é preciso estar tudo ajustado”, salienta Palu.

Entre esses ajustes está a quantidade de muda por metro e o percentual de pegamento. “Atualmente plantamos de 4 a 6 Emerald por metro, mas nosso protocolo de intenção aponta que a meta é colocar em torno de 2 a 2,5 sementes por metro, para isso, precisamos garantir uma brotação de 85%. Dos 45 hectares plantados até o momento, perdermos apenas dois, pois o plantio ocorreu à tarde e à noite houve uma chuva com 140 milímetros que assoreou a área. Então foi algo anormal”, observa Palu. O profissional da Syngenta aborda a importância da implantação dos canaviais-testes em diferentes ambientes de produção nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. “Só assim saberemos na prática o desempenho do Plene Emerald e as modificações que deverá passar a tecnologia.”

Neste primeiro momento, há duas variedades de cana validadas para o Plene Emerald, a RB 966928 e a CTC 4 e, segundo Palu, para 2020 estão sendo validadas mais duas variedades que figuram entre as mais plantadas e outras duas variedades transgênicas do CTC. A expectativa da empresa é, nos próximos cinco anos disponibilizar Plene Emerald das dez 10 variedades de cana mais plantadas no Brasil.

A biofábrica da Syngenta, localizada em Itápolis, SP, está projetada para produzir Plene Emerald para cobrir 15 mil hectares, acima dessa demanda, serão necessários novos polos de produção de semente. Mas o cronograma da empresa projeta que essa área será atingida por volta de 2023/2024.

Mesmo com o desenvolvimento da semente de cana e o esperado sucesso da tecnologia, Palu ressalta que o setor continuará a conviver com a Meiosi de MPB, com a Meiosi de tolete, plantio de MPB para cantosi, plantio mecanizado...

Isso porque a semente artificial de cana será uma tecnologia complementar. O volume de plantio de cana no Brasil é enorme, abrindo espaço para os mais eficientes tipos de plantio.


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