Nesta segunda, 19, o Giro do Boi recebeu em seu estúdio o engenheiro agrônomo pela Esalq/USP e diretor da Agroconsult, Maurício Palma Nogueira, para repercutir seu artigo recentemente escrito para o jornal Valor Econômico, denominado “O Agro não precisa ser pop, basta ser o que é”.

A intenção do agrônomo, conforme disse em conversa com o apresentador Mauro Sérgio Ortega, foi esclarecer ao público a verdade sobre as principais informações utilizadas em alguns ataques recentes feitos ao agronegócio, promovidos por grupos ideologicamente contrários ao modelo vigente de produção agropecuária no Brasil. Maurício fez referências a campanhas como a Segunda Sem Carne e o veto à exportação de animais vivos por via marítima.

 

“São ataques sem muito conhecimento, sem muita análise de informação. […] Não é bem responder, a gente tem que começar a esclarecer. A postura nossa, inclusive, não tem que ser combativa. Nós estamos lidando com preconceito e preconceito se lida com informação e calma. Não adianta combater porque você só eleva o tom. A ideia é a gente mostrar que as ideias estão equivocadas”, ponderou Nogueira.

Um dos números utilizados por Nogueira para rebater a ideia de que o agronegócio não é sustentável é o fato de o setor estar produzindo hoje o dobro em toneladas por hectare/ano do que produzia há 15 anos. “Se você somar toda a produção agrícola e toda a produção vegetal que sai fazendas brasileiras e comparar isso com a área que a gente está ocupando de forma produtiva, nós temos o dobro hoje de produção em tonelagem do que tinha há 15 anos”, enumerou. 

Outro ponto abordado pelo agrônomo diz respeito às contas das emissões de carbono pela pecuária – um dos pontos mais ressaltados por quem costuma atacar o agronegócio. Nos cálculos geralmente utilizados, o sequestro de carbono pelas pastagens não entra na balança.

“O problema dos cálculos é que eles desconsideram o que é sequestrado pelos pastos. Então as vezes que a gente coloca isso em discussão, dizem que a gente precisa pesquisar. Claro que precisa, mas eu não posso desconsiderar o que já foi pesquisado. Existem disciplinas que há décadas estudam comportamento de animal em pastejo, que diz que o boi consegue colher só 30% a 40% da matéria seca. Existem matérias que falam de fisiologia de planta, que afirmam que a mesma massa que tem na parte aérea tem na raiz. Existem disciplinas de fertilidade de solo, que dizem que à medida que a gente vai colocando matéria orgânica no solo, entra toda uma dinâmica de carbono com nitrogênio que contribui para a formação de húmus e parte dele é liberada. A hora que você coloca tudo isso na conta, um pasto bom, você tem três equivalentes carbono sendo sequestrados para cada um que é emitido, quer dizer, o saldo é positivo”, explicou.

 

O diretor da Agroconsult destacou também que mesmo em um momento de baixa produtividade da pecuária, o sistema ainda beneficia o meio ambiente. “Na degradação, esse balanço passa a ser negativo, mas qual é o processo de degradação a hora que o pasto acaba? É revegetar, que volta a acumular carbono. O que a gente tem discutido é que isso tem que entrar no cálculo. Não é tapar sol com peneira, é colocar o problema com peso real, aí a gente vai chegar nas decisões mais corretas”, pediu o consultor.