Para poder acompanhar e absorver os avanços tecnológicos, o produtor rural do Estado de São Paulo investiu na sua formação. Dados preliminares do Levantamento Censitário das Unidades de Produção Agropecuária (Lupa) mostram que aumentou de maneira notável a formação escolar do proprietário rural paulista nos últimos dez anos. O levantamento - considerado o censo agropecuário paulista e realizado a cada dez anos - constatou que cresceu o número de produtores que concluíram todos os níveis de ensino (fundamental, médio e superior). Mais de 65% dos proprietários de unidade de produção agropecuária (UPA), incluindo arrendatários e parceiros, têm educação formal; dez anos antes, eram apenas 49%.

Esses são alguns dados antecipados pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, responsável pelo Lupa, em parceria com a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), também vinculado à pasta da Agricultura. O censo inclui informações dos 645 municípios paulistas, abrangendo as explorações vegetais e animais, mão de obra, adoção de novas tecnologias, utilização de máquinas e benfeitorias existentes nas propriedades. "É uma verdadeira radiografia de um dos mais importantes segmentos da economia do Estado (de São Paulo)", segundo o IEA.

O primeiro conjunto de informações do Lupa mostra que a atividade agropecuária de São Paulo é desenvolvida em 334.741 UPAs, número 3,1% maior do que o apurado no levantamento feito há dez anos. Essas propriedades ocupam 20.288.051,53 hectares, área um pouco menor do que a ocupada dez anos antes, de 20,5 milhões de hectares.

Em fase de conclusão, o Lupa constatou que a maior escolaridade do produtor, que propiciou a adoção de técnicas mais modernas e maior respeito à legislação ambiental, mostra uma nova face do agricultor paulista e, também, um novo perfil tecnológico da produção rural no Estado.

De acordo com as primeiras informações divulgadas pelo IEA, a mudança no perfil educacional do produtor tem permitido a implementação de técnicas como plantio direto, manejo integrado de pragas e integração da lavoura com pecuária e atividade florestal. Essas tecnologias, associadas à colheita mecanizada e à irrigação, "foram responsáveis pelo grande incremento de produtividade, bem como pela maior preservação dos recursos naturais".

Outros dados, publicados pelo jornal Valor, mostram que, entre o censo anterior, de 2007-2008, e o atual, dobrou o número de propriedades que recorrem à colheita mecânica. São hoje 117.723 UPAs, ante 57.473 no censo anterior. Boa parte das propriedades mecanizadas dedica-se ao plantio de cana, um dos principais motores do agronegócio do Estado de São Paulo. A evolução da área plantada na qual se utiliza a colheita mecânica, de 4,46 milhões de hectares há dez anos para 8,98 milhões, é compatível com o avanço do número de propriedades mecanizadas. A despeito do avanço expressivo da colheita mecanizada, sua expansão tem limite, pois, como observa o Lupa, algumas culturas manterão a colheita manual. Os exemplos citados são os das olerícolas e das frutas.

Houve expressiva redução nas áreas de pastagens e de culturas perenes, em parte por causa do avanço da mecanização. Aumentaram, em contrapartida, as áreas ocupadas por culturas temporárias, entre as quais as de grãos e de reflorestamento, e as de vegetação natural.

Outra mudança notável, além da maior utilização de tecnologia e do avanço da mecanização, é o recurso dos proprietários rurais de São Paulo a mecanismos de financiamento e de proteção. Também essa nova característica da atividade rural é atribuída à maior escolaridade dos produtores.

O Lupa é considerado pelos técnicos do governo do Estado fundamental para a elaboração de programas, projetos e políticas para a agropecuária. Mas é, sobretudo, uma comprovação de mudanças relevantes, que mostram o dinamismo do setor rural do Estado de São Paulo.
Editorial

 


Fonte: O Estado de S. Paulo