O Giro do Boi desta quinta, 29, recebeu em estúdio o pecuarista Eduardo Penteado Cardoso, um dos titulares da Fazenda Mundo Novo, de Uberaba-MG, criatório de uma das mais importantes linhagens de Nelore do Brasil, a Lemgruber.

No segundo bloco de sua participação no programa, Cardoso falou sobre a história de seu pai, engenheiro agrônomo dos mais ilustres do país, Fernando Penteado Cardoso. O agrônomo formou-se pela Esalq em 1936, completando 82 anos de formação, e no próximo mês de setembro fará 104 anos, dedicados à produção agropecuária brasileira e à construção de uma família de 6 filhos, 20 netos, 38 bisnetos.

O próprio Fernando se dispôs a gravar um depoimento para exibição no programa, destacando a competitividade da pecuária brasileira, que ele mesmo ajudou a construir.

“O Brasil se caracterizou por uma pecuária extensiva aproveitando os seus campos nativos, seja no Pantanal, seja no Cerrado ou até na Caatinga. E essa pecuária permitiu então uma grande extensão. Quando estávamos na transição para uma pecuária melhor, chegou o maravilhoso Nelore da Índia e nos permitiu então uma segurança da fertilidade dos animais […]. Conseguimos conquistar hoje uma grande porcentagem dos animais abatidos, que são desta raça Nelore, nos pastos nativos e melhorados. Esses dois fatores, um animal grande conversor de celulose em calorias ou em peso vivo e a existência de grandes extensões de pasto a baixo custo permitem então prever para o futuro o aperfeiçoamento desse sistema. […] O IBGE acaba de divulgar uma estatística mostrando a conversão de pastos naturais em pastos plantados, de espécies mais nobres, o que significa um grande progresso da pecuária de cria. Para a pecuária de engorda, a nossa transição é engordar os bois nos meses de janeiro, fevereiro, março e abril, quando os pastos atingem a sua alta qualidade e maturidade. Depois vem o período da seca. Um grande sonho seria prolongar a qualidade do pasto de verão e outono para a época seca, quando ainda temos calor, mas os pastos se tornam muito menos eficientes, de muito menor digestibilidade. Se nós conseguirmos aperfeiçoar as pastagens de verão que já temos com as pastagens de inverno que podem ser estabelecidas em função do nosso clima, eu acredito que poderemos continuar com uma pecuária de baixo custo, de qualidades cada vez melhores, então garantido o grande significado do Brasil no mercado internacional de carne vermelha. Se existe um sonho é alimentar no inverno com a mesma eficiência com a qual nós alimentamos por anos e anos seguidos nos meses de verão e outono. Esse seria o grande caminho do Brasil para assegurar o mercado internacional de carne vermelha em grandes quantidades. Ninguém poderia produzir carne vermelha mais barata do que nós com o sistema aperfeiçoado. Esse é o sonho que eu poderia ter neste momento. Boa sorte a todos os pecuaristas do futuro!”, discursou Fernando Penteado Cardoso.

 

Fonte: Giro do Boi