Roque Galvão dos Santos, produtor de mandioca da cidade de São Miguel das Matas, do estado da Bahia, tem muito o que comemorar. É que após receber a auditoria do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), órgão vinculado à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), e adequar sua lavoura e sua unidade de processamento com as normas de Produção Orgânica (Lei Federal 10.831/2003), foi contemplado com a certificação do IMA, que é acreditado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).

É a primeira vez que o Governo de Minas certifica um produto fora do Estado. “Foi uma experiência fantástica receber a auditoria realizada na propriedade, a auditoria do IMA foi atenciosa a todos os detalhes solicitados pelo plano de manejo. No primeiro momento fizemos uma revisão aos registros documentados e logo depois uma visita a campo. O que podemos destacar é a grande tecnologia e organização que a certificação orgânica traz para a propriedade agrícola”, comemora. O produtor rural solicitou a certificação aos auditores e, desde então, preparou sua propriedade para conquistar a tão almejada certificação que, entre as adaptações necessárias, estão o cumprimento das diretrizes das normativas sanitárias e de segurança nos ambientes de trabalho.

Antes da conquista pela certificação do produto, a trajetória na lavoura foi de muita labuta, dedicação, experiência e estórias para compartilhar. Roque Galvão dos Santos conta que, desde 2011, a forte tradição da produção da “verdadeira farinha de mandioca” – consolidada por gerações que convivem em sua propriedade intitulada “Fazenda São José do Rio Preto” - despertou seu desejo em ajudar o desenvolvimento dessas famílias locais. “Foi o que nos encorajou a iniciar a produção da farinha de mandioca. Logo percebemos quantos conhecimentos e técnicas de produção artesanal já haviam sido adquiridos por aquelas famílias, nos permitindo a fabricação de uma farinha de altíssima qualidade, muito mais saborosa, crocante, riquíssima em fibras, além de muito mais saudável. Essa constatação despertou, em 2018, o desejo pela criação da nossa marca ‘Alguidar de Barro’”, revela.

E não parou por aí. O produtor “correu atrás” do certificado, atestando seu produto com a segurança, qualidade, credibilidade e confiança, exigências dos consumidores e de um mercado cada vez mais competitivo. O gerente de Certificação do IMA, Rogério Fernandes, explica como é o processo de certificação e as auditorias realizadas pelo IMA. Para se ter uma ideia, o auditor do IMA vai in loco na propriedade para checar o cumprimento das normas, onde são realizadas visitas técnicas, entrevistas e checagem de registros referentes a todas as etapas do processo produtivo na propriedade.

“Isso quer dizer que foram avaliados, entre outros, a organização, o controle e a gestão do processo produtivo, o sistema de produção inserido em um contexto social e ambiental, além da oportunidade de abertura, acesso ou ampliação de mercados diferenciados”, enumera Rogério Fernandes, que conta a principal razão pela qual o produtor Roque Galvão dos Santos foi certificado pelo IMA. “A propriedade do Sr. Roque Galvão dos Santos cumpriu todos os itens obrigatórios da certificação orgânica e 100% do total de itens das normas de certificação”, atesta.

Sustentabilidade - O sistema de produção orgânica é aquele em que a sustentabilidade nos pilares econômico, ecológico e social são respeitados. O produtor utiliza práticas que conservam e preservam o solo, a água e a biodiversidade local. Na produção orgânica não são utilizados agrotóxicos e adubos. Geraldo Freitas de Oliveira é um dos auditores do IMA que está na linha de frente dos trabalhos de certificação. Ele explica que inicialmente são solicitados requerimentos e informações de manejo das atividades produtivas para atender às questões ambientais e sociais, além de implantar todos os manejos fitossanitários, fertilização e conservação da biodiversidade no processo produtivo da propriedade. “A certificação de conformidade orgânica se estende à produção primária vegetal e animal e processamento da produção primária de origem.

Para o Sr. Roque dos Santos o atendimento foi para o escopo da produção primária vegetal (mandioca) e o processamento dessa produção, resultando na farinha. Somos muito procurados por interessados na certificação, com solicitações dos estados limítrofes com Minas Gerais, outros estados do Brasil e também outros países. O Sr. Roque foi o primeiro a obter êxito na certificação da conformidade orgânica”, informa. Os trabalhos de certificação contaram com o apoio da auditora do IMA Dinara Lima.

Coronavírus - Apesar da pandemia do coronavírus, o produtor Roque dos Santos, hoje com cinco colaboradores na fazenda, além de seu filho Caio Galvão, não parou a produção e pretende no futuro comercializar a farinha orgânica para todo o Brasil. “Trabalhamos diariamente com o controle e registros da nossa lavoura e da nossa fábrica. Ainda atuamos somente no estado da Bahia. E como fomos recentemente autorizados para as vendas e, agora, fomos pegos de surpresa pela pandemia do coronavirus, no momento, não temos o balanço de produção deste ano.”

Atualmente, o IMA possui 25 clientes certificados para a produção orgânica. Entre os diversos produtos estão as hortaliças e as frutas. A certificação de produtos orgânicos realizada pelo IMA, também é fomentada no Programa Certifica Minas, com a participação da Seapa, Emater-MG e Epamig.

O IMA é acreditado para certificar qualquer produto orgânico de origem animal ou vegetal, primário ou processado. O Inmetro é o representante do Brasil do Fórum Internacional de Acreditação e é ele quem avalia, anualmente, a competência do IMA como Organismo de Certificação de Produtos.

Para aderir ao programa - A adesão ao Programa de Certificação é voluntária. O selo de certificação tem a validade de um ano, podendo ser revalidado, de acordo com o interesse do produtor, após novas auditorias do IMA, o órgão certificador oficial do Estado. Produtores da Agricultura Familiar tem adesão gratuita ao Programa.

Tudo sobre o Programa Certifica Minas em: www.ima.mg.gov.br e www.agricultura.mg.gov.br/certificaminas

Rodolpho Sélos - Ascom/IMA

Foto: Divulgação/IMA