Fazer a reserva de alimentos para o gado em um período de menor disponibilidade de recursos naturais não é propriamente uma tarefa zootécnica, mas sim de gestão estratégia. É assim que classificou o diretor geral da Esalq-USP, Luiz Gustavo Nussio, engenheiro agrônomo, mestre em nutrição animal e pastagens e PhD em ciência animal, ao Giro do Boi desta quinta, 12.

Por esta razão, acrescentou Nussio, é incomum ver propriedades com algum grau de ineficiência interessadas em alternativas como o uso de silagem, por exemplo. Mas de fato, a fermentação de massa vegetal é uma saída viável para o pecuarista se programar para a entressafra.

Com a recente escalada no preço do milho, o pecuarista pode ser valer de estratégias que já estão bem definidas em países desenvolvidos para anos de valores mais caros do cereal. “Tem uma regra de ouro que torna difícil você errar, e os países desenvolvidos tem isto bem organizado: todo ano que o grão sobe de preço, nós caminhamos para dois ambientes de possibilidades. Uma é formular dietas que tenham mais volumosos qualificados. O volumoso ganha notoriedade num ambiente onde o grão sobe de preço. […] O segundo caminho é usar o próprio grão de forma mais eficiente, e uma destas estratégias é ensilando, porque assim você torna o amido mais disponível”, apresentou. No Brasil, ainda lembrou o agrônomo, o substituto natural do milho é o sorgo.

Nussio afirmou que existem novas técnicas, como a ensilagem de grãos úmidos e a ensilagem da espiga inteira, que estão sendo utilizadas com sucesso como opções ao encarecimento do milho. “O preço é naturalmente visto pelo pecuarista como um enfrentamento, um risco, mas existe alternativa”, tranquilizou.

A silagem, explicou o agrônomo, é um dos métodos que podem aumentar a disponibilidade do amido ao animal, mas a técnica tem seus desafios. “Hoje quase toda atenção é para reduzir perda”, avaliou. Entre o plantio da semente, passando pela colheita e descarregamento deste material no silo e a escolha do polímero usado na cobertura, há o que o professor classifica como uma região órfã, onde nem o departamento agrícola nem o de pecuária das fazendas estudam as perdas.

“Por isso ter é importante ter um senso de compreensão conjunta, reconhecer os pontos de perda e interferir para reduzi-los. A perda média hoje de uma unidade de produção no Brasil nunca é inferior a 30% em todo o processo, mas se você empregar tecnologia e tiver gente bem treinada, é capaz de reduzir isso, no mínimo, à metade”, informou.

 

Fonte Giro do Boi